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Folha de Londrina - Desarmamento

Camilla Rigi

Reportagem Local em 15/fev/2005

Desarmamento diminuiu violência, diz polícia
Delegado-chefe afirma que número de homicídios caiu com a campanha. Novo ponto de coleta foi criado
A polícia contabiliza mais de 3 mil armas entregues em Londrina. Em todo o Paraná foram cerca de 13 mil

A redução do número de homicídios em Londrina no ano de 2004 em relação a 2003 deve-se, em parte, à campanha do desarmamento que começou em julho do ano passado. Essa foi a avaliação do delegado-chefe da 10 Subdivisão Policial (SDP), Jurandir Alves André, que reuniu-se ontem à tarde, na sede da Polícia Federal (PF), com integrantes do Comitê Londrinense de Desarmamento para discutir as novas ações que serão realizadas na cidade em 2005.
As estatísticas apresentadas pelo delegado mostraram que de 2001 a 2003 houve um aumento de 30 mortes a cada ano. Porém, em 2004, o total de 183 assassinatos significou uma redução de 10 crimes em relação ao ano anterior. ''A maior severidade da lei para o portador da arma também contribuiu para este resultado.'' Ainda ontem, o comitê definiu que na próxima quinta-feira, às 10 horas, no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), será montado um posto de coleta.
''O local é oportuno para divulgarmos dados sobre a quantidade de vítimas de armas em Londrina e quanto o município gasta com os procedimentos médicos para salvá-las'', declarou o delegado da Polícia Federal em Londrina, Sandro Viana dos Santos. Este ano, o comitê conta com a ajuda das secretarias de Saúde, Educação e Mulher. ''Vamos usar a mão de obra destes órgãos como agentes disseminadores da campanha'', explicou Santos.
Além de organizar postos de coletas constantemente, a organização não governamental (ONG) Londrina Pazeando, em parceria com a ONG Sou da Paz, de São Paulo, promoverá um curso no dia 21 de fevereiro para os funcionários das secretarias e para a comunidade. ''Serão 400 vagas e curso será no Hospital Universitário (HU)'', disse o coordenador da ONG londrinense Luis Cláudio Galhardi. O objetivo do treinamento é esclarecer aos futuros disseminadores como deve ser realizada a entrega da arma e como motivar a população a fazê-la. Os interessados em participar do curso podem se inscrever pelo telefone da PF, 3315-6600.
Apesar de todas as ações, o delegado da Polícia Civil admite que o número de armas entregue é muito pequeno se comparado ao arsenal que circula nas mãos de marginais. ''O que a campanha evita é apropriação indevida das armas. O que normalmente acontece quando um ladrão invade a casa de um cidadão e além de levar seus bens leva seu revólver'', esclareceu o André. Segundo Galhardi, uma pesquisa nacional mostrou que 50% das pessoas que cometem homicídios são cidadãos sem antecedentes criminais.
Atualmente em Londrina, apenas a Polícia Federal recebe o armamento. Nas cidades vizinhas, as delegacias civis estão autorizadas a recolher as armas. Até sexta-feira passada o número contabilizado pela polícia era de 3004 armas entregues só em Londrina. Em todo o Paraná foram mais de 13 mil. ''O que pretendemos é criar uma cultura de paz. E este ano temos apoio da Campanha da Fraternindade que também visa a não violência'', enfatizou Santos. A campanha do desarmento foi prorrogada até o dia 23 de junho de 2005.
Camilla Rigi
Reportagem Local