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jornal de londrina

06/03/2004 

SIMONI SARIS


PELA PAZ

Estudantes destroem armas
 

Cerca de 400 crianças e adolescentes de escolas estaduais e municipais de Londrina destruíram ontem centenas de armas de brinquedo durante um ato pela paz realizado na Escola Espírita Eurípedes Barsanulfo, mantida pela Casa do Caminho. As armas foram doadas no ano passado por órgãos federais, estaduais, empresas e particulares, mas só foram entregues às crianças ontem de manhã para que fossem destruídas durante o manifesto “Um Ato Pela Paz”.

“Armas de brinquedo são um treinamento para a cultura da violência. Quando um adulto dá esse tipo de brinquedo a uma criança não entende que o ato terá uma conseqüência no futuro”, disse o diretor da Casa do Caminho, Júpiter Villoz Silveira. O objetivo de fazer com que as próprias crianças destruíssem os brinquedos, ressaltou ele, é combater a violência iniciando uma “cultura de paz”.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o País com maior índice de mortes por arma de fogo do mundo. Dados revelam que, nos últimos 20 anos, o número de brasileiros assassinado aumentou 273% - sete vezes mais do que o crescimento populacional. Em 1998, quase 50 mil brasileiros foram assassinados, sendo 45 mil vítimas de arma de fogo.

O presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Movimento Pela Paz e Não-Violência – Londrina Pazeando, Luiz Cláudio Galhardi, salientou que manifestações como a de ontem ajudam a conduzir as crianças ao caminho da não-violência. Além da Londrina Pazeando, o manifesto teve apoio do Grupo Arle, que atua na reciclagem de lixo no Jardim Leonor (Zona Oeste). No pátio da Casa do Caminho foi instalada uma prensa, onde os revólveres e pistolas de plástico foram destruídos e saíram prontos para serem reciclados.

Apesar de lamentarem o fato de tantos brinquedos serem destruídos sem que nunca tenham sido utilizados, as crianças apoiaram a causa. Érica Paula Yanashita, 9 anos, acredita que as armas não são os brinquedos mais apropriados para crianças. “Se começam desde cedo a utilizar armas, quando crescerem essas crianças vão querer usar armas de verdade, o que é muito perigoso”, disse.

Para Maicon José Fogaça, 12 anos, a razão de toda a violência reside na grande quantidade de pessoas que utilizam armas. “Se não fosse tão fácil conseguir um revólver, não iriam morrer tantas pessoas assassinadas. Tenho muito medo do que uma pessoa armada pode fazer”, afirmou o garoto.