folha de londrina

16/02/2003
Reportagem Local
Emerson Dias

Estudantes e ONG organizaram ato em Londrina

folha de londrina 16022003Assim como em centenas de cidades em todo o mundo, a população londrinense realizou uma passeata contra a possível guerra contra o Iraque. Estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da ONG Movpaz – criada há dois anos – encabeçaram o movimento.
A concentração dos manifestantes foi no Calçadão da Avenida Paraná (área central) durante a manhã de ontem. Cerca de 100 pessoas empunhavam faixas e cartazes pedindo a paz entre as nações. ‘‘A idéia surgiu durante o Fórum Social Mundial (realizado mês passado em Porto Alegre), quando foi definida esta data para um protesto mundial contra a guerra. Estamos fazendo também um abaixo-assinado pela paz’’, disse o estudante universitário Samuel Moura Santos, 23 anos.
Durante a passeata, foram distribuídos panfletos e textos sobre os ‘‘verdadeiros motivos’’ que estariam provocando a guerra (interesse mútuo pelo petróleo, domínio norte-americano do território árabe, entre outros). Para o engenheiro civil e coordenador do Movpaz, Luis Claudio Galhardi, 41 anos, a mobilização é positiva e não deve ser pontuada somente durante a crise Estados Unidos-Iraque.
‘‘Todos conhecem os verbos detonar, destruir e guerrear, mas poucos sabem que existe no dicionário o verbo pazear. Temos que transformar o substantivo paz em ação’’, discursou Galhardi. Os interessados em conhecer as propostas do movimento podem acessar o site na internet www.movpaz.londrina.com.br
Em Curitiba, centenas de pessoas participaram da Marcha Mundial pela Paz. A concentração foi às 9 horas, na Praça Santos Andrade, seguida de uma caminhada até a Boca Maldita, no centro. Os manifestantes chegaram a queimar uma bandeira dos Estados Unidos. Eles estenderam lonas pretas, fazendo uma referência ao petróleo e pintaram as mãos de branco, mostrando que a ameaça de guerra deve ser combatida sem armas. ‘‘Os Estados Unidos não podem mais esconder que o objetivo da guerra não é lutar contra o terror e sim tomar o controle do petróleo iraquiano’’, disse um dos organizadores, o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Paraná (CUT) Roberto Von Der Osten. (Colaborou Ellen Taborda, de Curitiba)

"Dê o primeiro passo e venha ajudar a construir a cultura da Paz no Municipio de Londrina."

 

16/02/2003
Reportagem Local
Luciano Augusto

CRIMINALIDADE COMBATE À VIOLÊNCIA É UM DESAFIO COLETIVO

Londrina convive com a insegurança e o medo. Os números da violência e da criminalidade crescem assustadoramente. Reportagem da Folha ouviu lideranças que apontam dois caminhos para tentar reverter o quadro atual: o imediato, que é a prevenção e a repressão policial, e o outro, mais lento mas não menos importante, que é a difusão da via alternativa da não-violência e a construção de uma cultura da paz

A violência e sua irmã gêmea, a criminalidade, afetam a todos indistintamente. Elas estão presentes nas casas das pessoas, nas ruas, nas escolas, no trabalho, na mídia, na conversa do botequim, no domingo de futebol,... As cidades estão vendo seus cidadãos desorientados com tanta pressão negativa. Em Londrina a situação não é diferente.

O município até alguns anos atrás não estava livre dos crimes mas vivia com certa tranquilidade. Hoje, porém, os londrinenses convivem com a sensação diária de insegurança. Estão cada vez mais encastelados em fortalezas-prisões que pouco servem para conter os marginais.

Mas o que fazer diante de um mundo corroído por uma individualidade perigosa, onde é difícil convencer as vítimas a não nutrirem o sentimento da vingança que perpetua o ciclo maléfico de crimes, gerando mais atos violentos? As fontes ouvidas pela Folha apontam basicamente dois caminhos: o primeiro, mais imediato, seria o reforço da prevenção e da repressão policial, sobretudo com relação ao tráfico de drogas e de armas. O segundo, mais lento, mas não menos importante, é a difusão da via alternativa da não violência, com a construção de uma cultura da paz.

Ambos os caminhos dependem de uma participação efetiva de todas as camadas sociais, pois não se trata de um problema que atinge exclusivamente pobre ou rico. Também não é uma questão puramente estatal, onde apenas o aparelho do Estado tem a incumbência de agir. É uma demanda pública, coletiva, onde cada cidadão tem o dever de contribuir para a construção de um mundo melhor, mais seguro.

"A não-violência dos fortes é a força mais potente do mundo'', ensina o pacifista indiano Mohandas Ghandi. Seus ensinamentos estão sendo difundidos entre estudantes de muitas escolas londrinenses pelo “MovPaz Londrina'', um grupo de pessoas que decidiu descruzar os braços e ``lutar'' contra a violência, seguindo exemplo preconizado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Eles não esperam resultados para amanhã ou depois de amanhã. Aguardam sim que essas crianças de hoje virem ``árvores'', floresçam e espalhem os frutos da paz em suas famílias e que seus galhos alcancem toda a vizinhança.

O prefeito Nedson Micheleti (PT) também acredita que o combate à violência e à criminalidade passa pela popularização do verbo ``pazear''. E afirma que está dando sua parcela de contribuição como chefe do Executivo municipal, disseminando programas sociais, principalmente nas áreas mais carentes. Afora isso, ele também prega que é preciso ``articular'' melhorias para as polícias Civil, Militar e Federal junto ao Estado e à União. Essa ajuda oficial, diz, precisa acontecer porque o crime deve ser combatido com prevenção, repressão e policiais bem equipados e treinados nas ruas.

Pensamento semelhante têm os representantes das igrejas Católica e Evangélica de Londrina. Eles afirmam que, além de melhorar a infraestrutura das polícias, é preciso resgatar os valores familiares.

 

folha de londrina

16/02/2003
Reportagem Local
Luciano Augusto

Líderes difundem mensagem de paz

O presidente do Conselho de Pastores Evangélicos de Londrina, pastor Joéde Lamônica Crespo, considera o combate à violência ``um desafio, porque estamos nos sentindo impotentes diante do problema''. O religioso garante que as igrejas estão discutindo a questão com seus fiéis e indica as orações como uma forma de se aproximar de Deus e reaprender a perdoar e superar as situações adversas. "É preciso disseminar a mensagem da paz, do perdão e do amor'', prega o pastor. Ele destaca a importância de campanhas e movimentos pela construção de uma convivência pacífica entre as pessoas.

A Arquidiocese de Londrina também avalia que esse é um problema que precisa ser atacado e discutido com os padres e com os fiéis. ``Abordamos esse tema nas reuniões com o clero de Londrina e região e nos veículos de comunicação da arquidiocese'', lembra o assessor de comunicação, padre Sílvio Andrei. "Este é um tema forte porque estamos sentido na pele e convivendo com a insegurança e com o medo'', completa.

Andrei indica quatro caminhos para combater a criminalidade e a violência: união de forças da sociedade organizada; investir na educação e na solidificação da estrutura familiar; repressão ao tráfico de drogas e armas; reorganizar e modernizar o sistema penitenciário, instituindo penas que procurem a reinserção social do preso. "Temos muita esperança de que vai chegar o momento em que iremos superar essa questão'', aposta o padre.

O coordenador do "MovPaz Londrina'' (http://www.movpaz.londrina.nom.br), Luis Claudio Galhardi, admite que criar uma cultura da não-violência é um processo lento, mas que tende a se acelerar num momento de crise como o atual. "Temos que perceber que não somos os culpados pela violência mas sim os responsáveis pela paz no mundo'', diz ele. O "MovPaz'' faz parte de um movimento internacional por uma cultura pacifista que tem seu foco nos estudantes do ensino básico e fundamental. No ano passado, foram realizadas diversas caminhadas pela paz com a participação de mais de 40 escolas. Neste ano, foram feitas exibição do filme "Re-vendo Gandhi'' (de Sir Richard Attenborough).

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), David Dequêch diz que conversou com o secretário de Estado de Relações com a Comunidade, Milton Buabce, que afirmou que a segurança terá ação emergencial do novo governador. "Mas não adianta só mandar gente para cá, é preciso oferecer estrutura para as polícias trabalharem e, paralelamente, tratar dasquestões sociais'', lembra o empresário. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Pedro Marcondes, foi procurado diversas vezes pela reportagem mas não atendeu a solicitação da entrevista.