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Arma não é brinquedo.

Nossa humanidade, ao logo de milênio de historia, construiu em nosso Planeta Terra uma “Cultura de Violência” e uma linguagem bélica que se perpetua no processo civilizatório e no momento tecnológico dos dias atuais. Esta cultura é difundida, por inúmeras instâncias da sociedade: os meios de comunicação, a escola, a família, as instituições religiosas, os partidos políticos, os clubes, os sindicatos, etc. Existe um currículo oculto que educa para violência. Sempre fizemos guerras e homenageamos os “heróis guerreiros”, fazemos estátuas deles, colocamos nomes em ruas e praças, criamos personagens guerreiros para histórias infantis, desenhos animados, vídeo games, camisetas, e assim passamos de pai para filho o paradigma da guerra, e de que os conflitos só podem ser resolvidos através das “guerras libertadoras” onde excluímos os opressores. Nossas cantigas de rodas estão repletas de letras que justificam essa violência – escravos de jo jogavam caxangá...tira põe e deixar ficar, guerreiros com guerreiros fazem zig, zig zá, ou marcha soldado cabeça de papel quem não marchar direito vai prezo no quartel; nana nenê que a cuca (o mostro) vem pegar, papai foi na roça e mamãe no canavia, “bem vindo ao mundo violento” filho! Assim com o leite materno vamos alimentando esta cultura milenar. Crescendo um pouco, e nos dias atuais, temos o pica-pau, tom e jerry, entre tantos outros sempre resolvendo seus conflitos com armas e muita munição.

De acordo com o estudo do Sipri (Instituto de Pesquisa para Paz de Estocolmo - Sipri, na sigla em inglês), em 2009 os gastos militares de todo o mundo subiram para cerca de US$ 1,53 trilhão, 6% em relação ao ano anterior, e 49% em relação a 2000.São U$ 48 mil dólares por segundo.

Em episódio internacional recente, o pais que mais investe em gastos bélicos no Planeta, xerifes do mundo, propõe invadir outro pais em guerra civil. “Vamos fazer uma guerra para acabar com a guerra.” O outro país que está vendendo armas para um dos lados do conflito, propõe uma solução diplomática, afinal o contrato de venda de armas (da indústria bélica deles) é anterior ao Tratado Internacional de Comercio de Armas, assinado só em 2013 D.C. pelos países da ONU, e em processo de ratificação nestes, e que proibirá definitivamente esta pratica de venda de armas para países em guerras. Hoje legal mas imoral.

Afinal ao logo de milênios sempre foi assim, os povos se libertaram de seus opressores através das lutas armadas. É o ser humano geneticamente violento? O Manifesto de Sevilha (Unesco/89) diz que não, que são os condicionamentos históricos e culturais que nos trazem a estas manifestações de violência.

A história de libertação na Índia é “quebra de paradigma”. Gandhi afirmou “A humanidade somente acabará com a violência através da não-violência”. Somente a não-violência é a alternativa e a superação da violência, uma vez que ela se situa do âmbito totalmente exterior à violência. Não cooperar com a violência, praticar a desobediência civil foram suas estratégias.

Porque então, ao invés de incentivarmos nossas crinaças a brincarem com armas de fogo (de plástico) nós adultos possamos convida-las para “brincarem de salvar o Planeta”.

Vamos brincar de buscar a sustentabilidade e ajudar a diminuir o aquecimento global. Precisamos de “novos heróis” mais inteligentes, menos violentos, mais inovadores nas ações. Não conseguiremos sustentabilidade com armas. Nossos inimigos são nossos hábitos atuais de consumo. Não protegeremos nossa civilização investindo na indústria bélica.

O jornalista André Trigueiro em visita recente a Londrina, afirmou em seu programa semanal Mundo Sustentável: “Londrina tangibilizou a paz. Não há mundo sustentável sem Paz.”

O Movimento pela Paz e não-violência Londrina Pazeando (2000), e o COMPAZ Conselho Municipal de Cultura de Paz  (2008), empenhados em Educar para Paz, e não cooperar com a violência, em 2010 propõe aos lojistas com apoio da ACIL Associação Comercial e Industrial de Londrina, da Câmara, e da Prefeitura através de sua secretaria de fazenda (fiscalização) fazer valer a Lei Municipal 9.188/2003, que proíbe a venda de armas de brinquedos. Em 2011 a Lei é aprimorada e é definido que arma de brinquedo é o brinquedo que imite uma arma de fogo (cano, gatilho) e que dispare agua, luzinha, barulhinho, espuminha, e chicletinho. Também é criado um selo para as lojas que cumprem a Lei e que “solicitem” (através de requerimento) para Prefeitura e Câmara o SELO.

A Lei “reflexiva e educativa” tem hoje 40 lojas com selo, desde pequenos bazares em bairros e também rede nacionais e interacionais, são praticamente todas que vendem brinquedos na cidade. Tem o apoio dos veículos de comunicação, de professores, educadores, pais, ou seja uma grande adesão. Se Nós Podemos em Londrina, podemos no Brasil e no Mundo viver esta experiência.

Eng. Civil Luis Claudio Galhardi
Coordenador do Londrina Pazeando
Membro fundador da Rede Desarma Brasil
Secretário do COMPAZ

02 outubro 2013