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Dom Helder Câmara

Nascido a 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, Ceará, Dom Hélder Câmara é o décimo primeiro filho de uma família simples e numerosa, composta de treze filhos, dos quais somente oito conseguiram sobreviver, os demais falecendo vitimados por uma epidemia de gripe que assolou a região no ano de 1905.

O pai, João Câmara Filho, era guarda-livros de uma firma comercial, enquanto a mãe, Adelaide Pessoa Câmara, era professora primária.

Aos quatro anos demonstrava especial atenção nos sacerdotes que celebravam as missas da sua comunidade, manifestando àquela época seu desejo de ser "um padre lazarista", certamente influenciado pelo grande número de padres lazaristas que atuavam na arquidiocese de Fortaleza naqueles tempos. Ainda na sua infância, inúmeras vezes foi surpreendido pelos familiares brincando de oficiar missa, ajoelhado frente a um improvisado altar, construído a partir de algumas pequenas caixas de sabonete vazias, de costas para o público, como era de costume.

Em 1923, ingressa no Seminário Diocesano de Fortaleza (Prainha), onde faz os cursos preparatórios e depois filosofia e teologia, tendo sua preparação sacerdotal se dado de forma tranqüila e serena, muito embora já se destacando pela sagacidade em defender seus pontos de vista, em embates presidido pelo padre Tobias Dequidt, então reitor, que muito o admirava pela segurança das suas argumentações.

Para ser ordenado sacerdote aos 22 anos de idade, no dia 15 de agosto de 1931, o então candidato Hélder recebeu uma autorização especial da Santa Sé, posto que não possuía a idade mínima exigida. Celebra sua primeira missa no dia seguinte, convidando dois tenentes para o auxiliarem no evento. Após a celebração, na qual buscou usar termos mais eruditos e de pouco uso, recebeu do Padre Breno, um dos seus professores, uma última lição: "Deixe de ser bobo. Você vai falar para gente humilde. Você tem que falar naturalmente". Uma lição apreendida para toda sua vida sacerdotal, uma caminhada dedicada aos mais simples e desafortunados.

Logo de início da sua caminhada sacerdotal, Dom Hélder Câmara empenhou-se na organização do Movimento Juventude Operária Católica, assumindo paralelamente as funções de Assistente Eclesiástico da Liga dos Professores Católicos e as atividades de professor de religião do Liceu do Ceará, demonstrando uma extraordinária capacidade de bem transmitir os ensinamentos exigidos pelo programa.

Juntamente com dois outros amigos, funda, em 1931,a Legião Cearense do Trabalho, para em 1933, juntamente com lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, instituir a Sindicalização Operária Feminina Católica.

Estas iniciativas de Dom Hélder Câmara chamaram a atenção de Plínio Salgado, fundador e dirigente da Ação Integralista Brasileira, que o convidou para se filiar na AIB. Convite aceito após autorização recebida do Arcebispo Dom Manuel, seu superior maior na Arquidiocese, Dom Hélder exerceu atividades de Secretário de Estudos da AIB, no Ceará.

Graças ao seu empenho como educador, Dom Hélder Câmara, em 1935, foi convidado pelo então governador cearense Menezes Pimentel para ocupar as funções de Diretor da Instrução Pública do Estado, atualmente correspondente às funções de Secretário de Educação. Nas novas funções, Dom Hélder contribuiu de maneira decisiva para a reforma do método de ensino e melhor desenvolvimento da educação pública cearense.

Em janeiro de 1936, a bordo do navio Afonso Pena, parte Dom Hélder para o Rio de Janeiro, onde, abandonando seu ideário integralista, dedica-se sem denodo aos estudos, às suas atividades profissionais e ao seu apostolado, exercendo, na renovação do ensino catequético do sistema educacional estadual, as funções de Diretor Técnico do Ensino de Religião.

Entre 1947 e 1952, Dom Hélder Câmara dirige e colabora com as revistas Ação Católica e Assistente Eclesiástico, iniciando, em 1949, como primeiro redator e depois diretor, a publicação da revista Catequética, também sendo um dos principais colaboradores da Revista Eclesiástica Brasileira.