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29/07/2003
Dorico da Silva
Reportagem Local

Para Dimenstein, iniciativas devem começar na infância

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Gilberto Dimenstein, conhecido por sua atuação na área de Direitos Humanos e Infância: "Parece chavão político, mas tem que ter investimento na educação e distribuição de renda para termos mais justiça."

''A paz não é algo natural do ser humano e tem que ser construída''. Essa é a opinião do jornalista Gilberto Dimenstein, um dos mais premiados do país, com trabalhos renomados na área dos Direitos Humanos e Infância. Ele esteve em Londrina, na semana passada, para proferir palestra sobre Cooperativa Cidadã, durante o 12º Jovemcoop Encontro Estadual de Jovens Cooperativistas, realizado pela Cooperativa Integrada, Ocepar e Sescoop/PR. Dimenstein é membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, comentarista da Rádio CBN, além de ser membro da Comissão Executiva do Pacto da Criança, coordenada pelo Unicef.

Na sua opinião, iniciativas que trabalhem a temática da Paz devem começar na infância, como trabalho preventivo. ''Não temos essa tradição no Brasil e, se isso acontece em Londrina, a cidade está de parabéns'', disse.
Questionado sobre o projeto de restrições ao porte de arma, em discussão no Congresso, Dimenstein afirmou ser totalmente contra o uso de arma de fogo. ''Isso só promove a violência, que é a maior síntese da exclusão social.''
Ele também comentou sobre a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que no último dia 13 comemorou 13 anos de vigência. ''A lei é extremamente adequada, mas passa por questões econômicas para realmente ser colocada em prática. Parece chavão político, mas tem que ter investimento na educação e distribuição de renda para termos mais justiça.''
Dimenstein também disse estar otimista com relação ao governo atual na valorização da educação, ''que é o caminho do progresso social'', embora considere precoce uma avaliação mais profunda. ''Dos 440 mil novos desempregados do Brasil nos últimos seis meses, de um total de 2,7 milhões (dado do mês de junho/IBGE), 70 mil não têm o segundo grau completo e isso restringe muito as oportunidades de ter um emprego, que gere uma vida com dignidade'', destacou. Na palestra, ele também enfatizou a importância das empresas e cooperativas abrirem espaço para a aprendizagem de jovens, cumprindo o seu papel de responsabilidade social. (A.P.N.)

 

 

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29/07/2003
Ana Paula Nascimento
Reportagem Local

 

INICIATIVA - A paz em prosa e cor

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Projeto desenvolvido por ONG londrinense reúne textos e desenhos de alunos de 1ª a 8ª séries interessados em promover a paz; publicação de livro depende de patrocínio. 
''A televisão poderia contribuir muito, através de mais programas que mostrassem as atividades ligadas à paz, cenas que inspirassem a paz e não tanta violência como tem aparecido. (...) Pois a paz também é comunicação.''
Com apenas 12 anos, a aluna Marianne Paola de Assis expressa, em sua redação, que já sabe o que sugerir para a construção de um mundo mais pacífico. Desde cedo, ela vem aprendendo que pazear é um verbo citado até em dicionário e que precisa ser conjugado por mais pessoas para se tornar realidade.
A redação dela foi uma das 25 escolhidas para integrar a coletânea de textos e desenhos sobre a paz. A iniciativa faz parte do projeto ''Idéias dos estudantes de Londrina para Construção de uma Cultura de Paz'', que envolveu alunos de 1 a 8 série de Londrina.

 

Desenvolvido pela organização não-governamental (ONG) Movimento pela Paz e Não-Violência - Londrina Pazeando, em atuação há três anos na cidade, cerca de 200 escolas municipais, estaduais e particulares foram convidadas a discutir a paz em sala de aula e participar do projeto. Em julho, os melhores trabalhos foram selecionados e agora dependem de patrocínio para a sua publicação. O projeto tem apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
De acordo com Luis Cláudio Galhardi, um dos coordenadores do projeto, a expectativa é que o livro seja lançado em setembro, data da comemoração da 4 Semana Municipal da Paz, desde que haja patrocínio suficiente. A publicação de mil exemplares foi orçada em R$ 4,5 mil. Até agora, apenas a empresa Sinamed-Assistência Médica e a Escola Educacional teriam confirmado apoio finaceiro, que totaliza R$ 1 mil.
''O resultado dos trabalhos está muito bom e é fundamental o patrocínio para garantirmos a publicação e divulgarmos ainda mais a importância da paz'', disse Galhardi.
A intenção é que o livro ajude a colocar os alunos em contato com idéias de pacifistas, de pessoas que realmente promoveram a paz. ''Na escola, aprendemos sobre os 'heróis-guerreiros', como Duque de Caxias e Mém de Sá, que, na verdade, foi um grande exterminador de índios. As crianças não conhecem Gandhi, que lutou pela paz sem armas. E é preciso construir essa consciência crítica nas crianças'', destacou Galhardi. Nesse trabalho de conscientização, também são evidenciadas as ações de Madre Teresa de Calcutá e Martin Luther King, que souberam promoveram a paz.
A ONG também organizou um ciclo de palestras, nos meses de abril e maio, com Clóvis Nunes, Fábio Otuzi Brotto e José Hermógenes, que têm trabalhos reconhecidos na área da ''cultura da paz''. No evento, professores tiveram a oportunidade de se aprofundar na temática e levar mais conteúdo para debates em sala de aula.
Além da ONG Londrina Pazeando, participam da organização da coletânea as secretarias municipais de Educação e de Cultura. Os outros órgãos envolvidos na produção do livro são: Núcleo Regional de Educação, Sindicato das Escolas Particulares de Londrina, Universidade Estadual de Londrina, Instituto de Educação Igapó e Sindicato dos Jornalistas.

 

 

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29/07/2003
Reportagem Local

 

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 "A PAz é um Tipo de Oração"

 

''Infelizmente, nossa cidade está muito violenta e por isso é muito importante ter várias ideias para a construção de uma Cultura da Paz.

Poderíamos fazer um Festival da Paz, com música e atividades.

Como ingresso cobraríamos apenas um quilo de alimento não perecível e ajudaríamos várias pessoas. Pois a paz é solidariedade e também música.

Poderíamos também rezar mais, não importa a religião...O que importa é que é sempre bom ter a paz de Deus em nossos corações. Pois a paz também é um tipo de oração.

Eu espero que as pessoas se conscientizem da importância e da necessidade de uma Cultura da Paz. Assim poderemos sair às ruas com muito mais tranquilidade e paz. Poderemos pazear.''

Fragmento da redação escrita por Mariane Paola de Assis, 12 anos, estudante da 6 série da Escola Seta)

 

 

"VIOLÊNCIA É UM ATO DE MALDADE"

''Vamos construir a paz começando por nós mesmos. Procure buscar a sua paz interior no seu coração, na sua mente... Qualquer tipo de violência é um ato de maldade e egoísmo, e não só a guerra. Se você briga na escola, você está agindo contra a paz e não é isso que nós queremos. Então, procure não arrumar briga, procure ficar em paz consigo mesmo.
...em vez de brigar, faça novas amizades e através delas construa a paz. Com isso, além de você fazer novos e bons amigos, porque ambos querem a paz, você vai passar uma boa mensagem por onde anda, que é a mensagem de paz, de amor, de amizade...''
Fragmento da redação escrita por Humberto Silva, 12 anos, estudante da 6 Série da Escola Educacional.

 

Serviço
Mais informações sobre o projeto ''Idéias dos estudantes de Londrina para Construção de uma Cultura de Paz'' podem ser obtidas pelo telefone: (43) 9996-1283 (falar com Luis Cláudio Galhardi).